quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Duas ou Três Sugestões de Borges
- em homenagem ao que seria (e de certa forma o é) 
seu 112o ano de vida -


O tempo ensinou-me algu­mas astúcias: evitar os sinônimos, que têm a desvan­tagem de sugerir diferenças imaginárias; evitar hispanismos, argentinismos, arcaísmos e neologismos; pre­ferir as palavras habituais às palavras assombrosas; intercalar em um relato traços circunstanciais, exigidos agora pelo leitor; simular pequenas incertezas, uma vez que se a realidade é precisa a memória não o é; narrar os fa­tos (isto aprendi em Kipling e nas sagas da Islândia) como se não os entendesse completamente; recordar que as normas anteriores não são obrigações e que o tempo se encarregará de aboli-las (...) 

É curioso o destino do escritor. No início é barroco, vaidosamente barroco, e ao cabo dos anos pode lograr, se lhe são favoráveis os astros, não a simplicidade, que não é nada, mas a modesta e secreta complexidade.


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