Numa conversa pelo Facebook com a Paula Klaus, a Luana Vignon e a Adriana Brunstein, o assunto começou com "Bijuterias" - tema da novela "O Astro" - e terminou nisto daqui:
A música se chama "Bandalhismo", da dupla Bosco/ Blanc, e está no disco de mesmo nome. A letra é um pastiche de um soneto de Augusto dos Anjos, chamado "Vandalismo" - e como este brógui sempre mostra o pau e mata a cobra, aí vão as duas obras: uma pra ler e a outra pra cantar junto (ou vice-versa).
VANDALISMO
(Augusto dos Anjos)
Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.
Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.
Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos ...
E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!
BANDALHISMO
(João Bosco - Aldir Blanc)
Meu coração tem butiquins imundos,
antros de ronda, vinte-e-um, purrinha,
onde trêmulas mãos de vagabundos
batucam samba-enredo na caixinha.
Perdigoto, cascata, tosse, escarro,
um choro soluçante que não para,
piada suja, bofetão na cara
e essa vontade de soltar um barro....
Como os pobres otários da Central,
já vomitei sem lenço e sonrisal
o p. f. de rabada com agrião...
Mais amarelo que arroz de forno,
voltei pro lar, e em plena dor-de-corno
quebrei o vídeo da televisão.
2 comentários:
Tenho que admiti, mesmo sendo fã confesso do augusto conterrâneo, que a versão de Bosco-Blanc é superior! Genial!
É uma partida dura, Lauro. Mas a versão do Aldir é bem mais engraçada - e o humor pra mim quase sempre equivale a um golden-gol... Abraço.
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