Monty Python: "O Sentido da Vida"
Revi no fim de semana. É um desses filmes que melhoram com o tempo. Publico o clipe a seguir em homenagem à canonização do papa João Paulo II.
Só pra esclarecer: acho a Igreja Católica muito coerente aos seus princípios. Ela está aí há mais de mil e quinhentos anos dando as cartas, e vai continuar por mais um bom tempo, justamente por ser irredutível quanto à interpretação que faz do Livro Sagrado. Já torturaram e mataram em nome disto. Hoje eles apenas esperneiam e vociferam, sempre no mesmo lugar, como a rocha que sempre foram ("Pedro, és pedra" e etc.). Analisada (opa!) em perspectiva histórica, a AIDS, pra Santa Igreja é só mais uma peste: não vai ser por isso que o papado abrirá mão do princípio básico de que o sexo, quando praticado sem fins reprodutivos - seja sozinho ou acompanhado -, representa um carimbo garantido no passaporte que levará o sacana em questão pra uma viagem sem escalas rumo ao fogo do Inferno.
Allan Sieber |
Apesar do lado trágico dessa história, ela também não deixa de ter seu lado engraçado, bufão, ubuesco - como, aliás, é inerente a toda e qualquer manifestação ostensiva de poder, quando concentrada na figura de um só grupo ou sujeito. E isto serve tanto pra pantomima dos discursos de um Hitler ou de um Mussolini, quanto pros pequenos buracratas da fé e do poder político, como deputados, senadores, presidentes da república e "pastores meganhas"*, que cospem suas besteiras mal intencionadas todos os dias na televisão. Quer rir, dê um púlpito e um microfone pra essa canalha. Se não fosse (repito) pelo sofrimento, engodo deliberado e exploração da dor alheia que lhe serve de manutenção e sustento, todo esse teatro não passaria de um grande, eterno e engraçadíssimo número de vaudeville. Coisa que o Monty Python, enquanto durou, soube explorar como niguém.
Na sequência, o discurso de alguns integrantes do grupo, por ocasião do funeral do Graham Chapmam, reafirmando que o melhor palhaço é aquele que primeiro - e em qualquer circunstância - sabe rir de si mesmo.
* É assim que o Marcelo Mirisola apelidou esses pastores, bispos e "apóstolos" das madrugadas: truculentos, tragicômicos protagonistas da verdadeira "vida fácil".
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