quinta-feira, 5 de maio de 2011



Ted Hughes: O Ponto Fraco


Suas têmporas, onde os cabelos começavam,
Eram seu ponto fraco. Uma vez, para ver no que dava,
Joguei uma lima sobre os eletrodos
De uma bateria de doze volts - explodiu
Feito uma granada. Alguém ligou fios em você.
Alguém acionou a chave. Lançaram 
Um raio dentro do seu crânio.
Depois, com jalecos alvos, rostos lívidos,
Aproximaram-se para ver
Como você estava, presa às correias.
Ver se seus dentes ainda estavam inteiros.
A mão na chave calibrada,
Que não sentia nada
Além da sensação de não sentir, acionou a chave,
Para ter um espasmo de sensação. O terror
Era a nuvem de você
À espera dos relâmpagos. Eu vi
Um galho de carvalho ceifado de um só golpe.
Você, a perna de seu pai. Quantas vezes
Esse deus agarrou-a pelas raízes 
Dos cabelos? Os relatórios
Fugiram de volta para as nuvens. O que subia
Vaporizava-se? Onde os para-raios choravam cobre
E o nervo soltava a pele
Como uma criança incendiada
Correndo da explosão de uma bomba. Jogaram você,
Um fio torto e rígido,
Sobre a rede elétrica de Boston. As luzes
Do Senado escureceram
E a sua voz foi mergulhando 
Até fugir pelo porão.
Subiu, anos depois, 
Superexposta como uma radiografia -
Cérebro ainda com manchas escuras,
Marcas de terra queimada
Da sua fuga. E as suas palavras,
Rostos se protegendo da luz,
Segurando as próprias entranhas.


(Do livro de poemas autobiográficos "Cartas de Aniversário", totalmente dedicado ao tempo em que ficou casado com Sylvia Plath).

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